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sábado, 5 de junho de 2010

Mercadante focará campanha em transporte, educação e segurança

extraído de: http://servidorespent.blogspot.com




Qual a importância da frente partidária em torno de sua candidatura?

Em 2006, quando fui candidato, tivemos o apoio de três partidos e chegamos a 32% dos votos. Desta vez, teremos 12 partidos, com o apoio de praticamente todas as centrais sindicais e um amplo setor do PMDB, que acompanhará Michel Temer (indicado pela legenda a vice-presidente na chapa de Dilma Rousseff) e o ministro da Agricultura, Wagner Rossi. Vamos ter um setor do PTB que nos apoia, com prefeitos, vice-prefeitos, vereadores e deputados, como Frank Aguiar, além de setores do DEM. Essa coligação bem mais ampla mostra que há uma insatisfação grande com o continuísmo de quase 28 anos de um mesmo grupo político no poder. Foram 12 anos de PMDB, mais 16 anos de Geraldo Alckmin como vice-governador, governador e secretário de governo. Há um desejo de mudança e também um grande reconhecimento da qualidade do governo Lula neste momento extraordinário que o país atravessa. Tudo o que fizemos pelo Brasil, podemos fazer por São Paulo.

Qual o peso, para sua campanha, do apoio de nomes como o do vereador Milton Leite (DEM), historicamente ligado à direita?

Apoio é sempre bem-vindo na campanha, e a gente avalia que não há coesão dos nossos adversários em torno da candidatura do Alckmin. O governador interino (Alberto Goldman), assim que tomou posse, disse que ele não era o melhor candidato. Todo mundo sabe que ele não era o candidato preferido dos tucanos José Serra (pré-candidato à Presidência) e Aloysio Nunes, e também do Orestes Quércia, do PMDB. Não era e não sei se será o candidato ideal do Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo. Tudo isso fortalece a nossa candidatura. Temos forte unidade no PT, ampliamos nossas alianças e atraímos setores que são historicamente das bases do PSDB. Isso ajuda a viabilizar um segundo turno, quando eu e o Alckmin poderemos debater com profundidade. Vou mostrar que São Paulo precisa mudar muito e que não pode continuar acomodado, porque o Brasil vai crescer fortemente nos próximos anos.


De que forma as candidaturas de Marta Suplicy (PT) e Netinho de Paula (PC do B) ao Senado poderão ajudá-lo?

Em 180 anos de Senado, nunca houve um negro ou uma mulher na representação de São Paulo. Nós vamos lutar para que essas duas coisas aconteçam de uma vez só. O Netinho vem da periferia, da cultura, já é vereador e tem se preparado muito para esse desafio. E a Marta foi uma grande deputada federal, contemporânea, moderna e de muita coragem, e uma grande prefeita, com sensibilidade social e política. Os dois vão contribuir muito para nossa vitória.


O PSDB governa o estado há 16 anos. Qual o maior problema da gestão tucana na visão do senhor?

Estarem há tanto tempo no governo. São quase 28 anos de um mesmo grupo político (PMDB e PSDB) no poder. Depois, temos a Grande São Paulo, em especial a capital, com um grave problema de transporte e trânsito. As pessoas perdem 2 horas e 43 minutos por dia, ou 35 dias úteis por ano, no trânsito. Isso é uma queda na qualidade de vida. Eles foram incapazes de pensar uma política urbana integrada à de transporte. A gestão do Alckmin praticamente não investiu em metrô, os trens da CPTM estão sobrecarregados, o Ferroanel, que deveria ter sido inaugurado junto com o Rodoanel, não foi feito. Eles prometeram 20 trens em cada linha e isso não aconteceu, pararam os investimentos nos corredores de ônibus, inclusive nos intermunicipais. Tudo isso começa a prejudicar a competitividade da economia paulista. No interior, temos o abuso visível dos pedágios, com as tarifas mais altas do mundo e muitas praças de cobrança. Outra área problemática é a segurança pública. São Paulo tem hoje o pior salário de polícia do Brasil: um delegado ganha cerca de 5.200 reais, enquanto no Piauí o salário é de 7.140 reais. A disparidade é muito grande. Há profunda insatisfação nas polícia Civil e Militar. Chegamos a ter confrontos entre as polícias. E qual é o resultado disso? Todos os indicadores pioraram no ano passado: homicídios, roubo, assalto e sequestro. Especialmente no governo Alckmin, houve perda de controle do sistema prisional, com os ataques do PCC em 2006, que deixaram 42 policiais e 16 agentes penitenciários mortos. O controle do sistema prisional está nas mãos das organizações criminosas, e os presídios viraram universidades do crime.


A Secretaria de Segurança Pública paulista diz que os homicídios caíram 69% nos últimos dez anos.

No ano passado, os homicídios no interior cresceram 16%; neste ano, o número de homicídios praticados pela própria polícia subiu 40%. Há uma deterioração do sistema de segurança pública, falta policiamento ostensivo e chegamos ao ponto de ter assalto dentro de delegacia. Não adianta mais o governo tapar o sol com a peneira. A população sabe que o estado está inseguro. As prisões no interior levaram a criminalidade para lá, o crack já está tomando conta de várias cidades, mas alguns estados reagem com certa eficácia a tudo isso. Até o Rio de Janeiro vem reagindo positivamente, mas em São Paulo não vemos a mesma energia e determinação.


Qual seu principal projeto para são Paulo, caso seja eleito?

Separar os presos por grau de periculosidade e introduzir trabalho e educação para os detentos de menor periculosidade. Fazer também o monitoramento eletrônico dos presos, com tornozeleiras eletrônicas, que é um projeto meu, aprovado pelo Senado. Assim, poderemos introduzir penas alternativas. Precisamos ainda tratar como política prioritária a educação. O quadro é desolador: temos 100.000 professores sem concurso, são contratados professores sem formação específica, porque os salários são muito baixos. Se quisermos recuperar a educação, temos que começar pelos professores, valorizando a profissão, o processo de formação continuada, o estímulo à graduação e à pós-graduação. Teremos que fazer um grande investimento em tecnologia, com banda larga e laptop para os alunos, formando uma escola acolhedora e ágil, com interatividade e produção pedagógica digital. Na saúde, precisamos de investimentos em prevenção. O setor público tem que dar direito a diagnóstico para as famílias. Hoje, 41% da população têm que pagar plano de saúde porque a saúde pública é muito ruim. Precisamos remunerar melhor os profissionais e, sobretudo, apostar na parceria com o governo federal para a construção das UPAs (Unidades de Pronto Atendimento). O problema é que, em São Paulo, estão sendo construídas 97 UPAs, que ficarão abertas 24 horas por dia o ano inteiro para atender urgências e emergências, e o governo estadual não participa do cofinanciamento de nenhuma delas.


Em pesquisa recente, o senhor aparece com 19% das intenções de voto contra 51% de Alckmin. Esperava tamanha diferença nesse início de pré-campanha?

Na última campanha, em 2006, comecei com 8% e terminei com 32%. O Alckmin, depois de ter ficado no governo por 12 anos, foi candidato à Presidência em 2006, e, quando se candidatou a prefeito de São Paulo, começou com 45% e terminou com 22%. Não foi nem para o segundo turno. Isso mostra que eu tenho um histórico de crescer nas campanhas. O importante nessa hora é o debate político, especialmente no segundo turno: só eu e ele para fazer um balanço e mostrar o que pode e deve ser feito pelo estado. São Paulo sabe a importância do segundo turno e é assim que eu espero vencer as eleições.

Em 2006, em sua primeira disputa ao governo do estado, o senhor foi derrotado. Por que acredita que terá mais chances desta vez?

Sinto diferenças tanto em relação ao apoio político que estamos recebendo, muito mais amplo do que o de 2006, quanto em relação ao entusiasmo da nossa militância, muito orgulhosa do governo Lula e de tudo o que fizemos pelo Brasil. Além disso, sinto esse sentimento de fadiga, cansaço e acomodação da mesma panela no Palácio dos Bandeirantes. O sentimento de mudança e renovação em São Paulo é muito forte e está trazendo apoio à nossa campanha.


O PMDB apoia Dilma Rousseff na corrida à Presidência, mas em São Paulo não está com o senhor. Como lidar com isso?

O Temer está convocando uma grande mobilização no PMDB. Em meados de junho, faremos um encontro em Jales e mostraremos a força do PMDB, com prefeitos, deputados, vereadores e lideranças no apoio de Dilma e Mercadante. Teremos uma grande surpresa em relação ao apoio do PMDB.


O que falta para escolher o vice? O deputado Paulinho da Força disse que o PDT quer o posto de qualquer maneira.

Nós temos vários bons candidatos, ao contrário da campanha de alguns, que ainda não conseguiu encontrar nomes. Nós temos mais vices do que vaga (risos). Temos que ter habilidade e, como temos tempo até a convenção de junho, vamos amadurecer, para ter grande unidade em torno de um vice. O PDT tem sugerido bons nomes, como o Doutor Hélio, prefeito de Campinas, que é uma liderança muito importante. E o Major Olímpio, que traz a pauta de segurança pública à tona, mostrando a insatisfação nessa área. Temos ainda o (Eduardo) Suplicy, uma liderança histórica do PT, grande amigo e uma pessoa com quem convivo há mais de 30 anos e em quem tenho muita confiança, o que fortalece nossa chapa. De fato, havia um entendimento de que o PDT indicaria um vice. Nós temos que construir uma saída unitária com eles. E o faremos.


Na campanha de 2006, pessoas ligadas a sua candidatura ao governo do estado se envolveram na compra de um dossiê falso contra Serra. O senhor acredita que isso pode prejudicá-lo nessa campanha?

Acho que existem coisas que, para os amigos, não precisamos explicar, para o cidadão, devemos explicar, mas, para os adversários, não adianta explicar. Faz parte da política. Esse episódio serve para demonstrar de forma decisiva que a campanha se faz em torno de ideias e debates de propostas. Esse é o caminho para a nossa vitória em São Paulo e eu espero que os militantes tenham aprendido. Eu me sinto muito seguro para essa discussão, afinal de contas, o Ministério Público, órgão rigoroso que denunciou centenas de parlamentares e patrocinou a cassação de governadores, disse que não havia um único indício da minha participação (no episódio do dossiê) e o Supremo (Tribunal Federal) anulou e arquivou por unanimidade esse processo em duas votações. Estou tranquilo.

Lojistas de SP vão jogar desinfetante em moradores de rua

do Brasília Confidencial
05/06/2010


Moradores de rua transformaram o espaço sob a Câmara Municipal numa maloca. Foto: Rivaldo Gomes
Moradores de rua transformaram o espaço sob a Câmara Municipal numa maloca. Foto: Rivaldo Gomes
VALÉRIO CAMPOS 
    O Conselho Comunitário de Segurança do centro de São Paulo decidiu, nesta semana, desencadear uma ofensiva contra a presença de moradores de rua na região. A ofensiva compreenderá, essencialmente, duas ações paralelas no bairro Santa Cecília.
    Uma das providências, a ser adotada por moradores e comerciantes, pretende impedir que ONGs e restaurantes dêem comida aos pedintes. A outra providência combinada pelo Conselho Comunitário atribui aos comerciantes a tarefa de jogar desinfetante, a cada manhã, sobre os moradores de rua que dormem nas portas das lojas.
    Essas decisões foram tomadas por representantes de moradores e comerciantes de Santa Cecília, da Polícia, da Subprefeitura da Sé, da Guarda Civil e da Santa Casa. De acordo com o presidente do Conselho Comunitário de Segurança, Jorge Rodrigues, “deveria haver um local que concentrasse todas as instituições que querem doar (comida aos moradores de rua). Isso não pode ser feito no meio da rua, sem higiene”.
    Estratégia semelhante parece estar em uso perto do aeroporto de Congonhas. Muita gente estava acostumada a dormir sob o viaduto João Julião da Costa Aguiar. De uma hora para outra, caminhões despejaram enorme quantidade de terra no local. Não há nenhuma placa indicando alguma obra, mas a Prefeitura informa que estuda um projeto de paisagismo para o local.
    A expulsão dos moradores que viviam embaixo do viaduto é aplaudida pela presidente do Conseg local, a professora Miriam Bock. Ela afirma que a zona sul de São Paulo precisa de ajuda, porque “o prefeito (Gilberto Kassab, do DEM) tem uma política de tirar os moradores de rua do centro e eles se espalham por aqui praticando pequenos furtos”.

Livro desvenda tenebrosas transações de Serra, parentes, amigos e sócios

do Brasília Confidencial
05/06/2010
    O Brasil ainda não chegara ao processo de privatização do Governo Fernando Henrique – e, de fato, era dispensável que houvesse chegado – quando Chico Buarque inscreveu no cancioneiro popular a expressão “tenebrosas transações”. É um verso de “Vai passar”, gravada quase dez anos antes da eleição de Fernando Henrique. Outras transações tenebrosas assaltaram o país naquela década. E mais outras durante mesmo a privatização de bens, patrimônio e serviços públicos promovida pelo PSDB de Fernando Henrique – e de José Serra.
    Ministro do Planejamento e, depois, da Saúde nos governos FHC, José Serra é o candidato presidencial do PSDB e também do PFL, rebatizado de DEM, pela segunda vez. Diferentemente do que ocorreu na campanha anterior, no entanto, agora talvez precise explicar muito melhor seu envolvimento no processo de privatização. Um livro escrito pelo premiado repórter Amaury Ribeiro Jr. e apresentado em texto que o jornalista Paulo Henrique Amorim publicou ontem, em seu blog www.conversaafiada.com.br, escancara o que o autor chama de “Porões da privataria” – e expõe José Serra, parentes, amigos e sócios dele.
    Colecionador de prêmios – três prêmios Esso e quatro Vladimir Herzog, entre muitos outros – Amaury trabalhou, por exemplo, nos jornais O Globo e Correio Braziliense e na revista IstoÉ. E produziu seu livro a partir de um briga entre dois tucanos – o próprio José Serra e Aécio Neves, os governadores de São Paulo e de Minas que disputaram, até o fim do ano passado, a candidatura do PSDB à Presidência.
    “Tudo começou há mais ou menos dois anos. Havia uma movimentação, atribuída ao deputado serrista Marcelo Itagiba, para usar arapongas e investigar a vida do governador Aécio Neves, que então disputava a indicação para candidato a presidente pelos tucanos. O interesse suposto seria o de flagrar o adversário de Serra em situações escabrosas ou escândalos para tirá-lo do páreo. Entrei em campo pelo outro lado (como repórter do jornal Estado de Minas), para averiguar o lado mais sombrio das privatizações, propinas, lavagem de dinheiro, sumiço de dinheiro público…”, conta Amaury em entrevista que acompanha a apresentação do livro. 
    Ele qualifica como “aloprações tucanas” o que descobriu e vai contar em, pelo menos, 14 capítulos, pela internet, depois da Copa do Mundo de futebol.
    “Fiquei impressionado com o que vi. Li uma imensa quantidade de documentos que mostram a capacidade das pessoas de tirar proveito do seu país. Isto vale para os operadores diretos da privatização ou para os que ficaram só monitorando, sem qualquer escrúpulo, esperando apenas a hora de bater o martelo no leilão”.
    A exposição parcial do conteúdo de “Porões da pirataria”, pelo www.conversaafiada.com.br, coincidiu ontem com mais uma reação do PT e de sua pré-candidata à Presidência, Dilma Rousseff, ao comportamento de José Serra, que na quarta-feira atribuiu responsabilidade à petista por um “novo dossiê” que continua inédito fora do PSDB. Na própria quarta-feira Dilma classificou a acusação como “uma falsidade”. Ontem foi além:
    “É uma falsidade, uma ignomínia. Acho que estou sendo claramente injustiçada”.
     Por conta do feriado forense em São Paulo, o PT adiou para segunda-feira a apresentação, à Justiça, do pedido de interpelação a Serra para que confirme ou negue a acusação que fez. Se confirmar, o PT irá processá-lo por danos morais a Dilma.
     Leia, nas próximas páginas, a apresentação de “Porões da privataria” postada ontem emwww.conversaafiada.com.br.

Os porões da privataria
      Quem recebeu e quem pagou propina. Quem enriqueceu na função pública. Quem usou o poder para jogar dinheiro público na ciranda da privataria. Quem obteve perdões escandalosos de bancos públicos. Quem assistiu os parentes movimentarem milhões em paraísos fiscais. Um livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr., que trabalhou nas mais importantes redações do país, tornando-se um especialista na investigação de crimes de lavagem do dinheiro, vai descrever os porões da privatização da era FHC. Seus personagens pensaram ou pilotaram o processo de venda das empresas estatais. Ou se aproveitaram do processo. Ribeiro Jr. promete mostrar, além disso, como ter parentes ou amigos no alto tucanato ajudou a construir fortunas. Entre as figuras de destaque da narrativa estão o ex-tesoureiro de campanhas de José Serra e Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Sérgio de Oliveira, o próprio Serra e três dos seus parentes: a filha Verônica Serra, o genro Alexandre Bourgeois e o primo Gregório Marin Preciado. Todos eles, afirma, tem muito o que explicar ao Brasil.
       Ribeiro Jr. vai detalhar, por exemplo, as ligações perigosas de José Serra com seu clã. A começar por seu primo Gregório Marín Preciado, casado com a prima do ex-governador Vicência Talan Marín. Além de primos, os dois foram sócios. O “Espanhol”, como é conhecido, precisa explicar onde obteve US$ 3,2 milhões para depositar em contas de uma empresa vinculada a Ricardo Sérgio de Oliveira, homem-forte do Banco do Brasil durante as privatizações dos anos 1990. E continuará relatando como funcionam as empresas offshores semeadas em paraísos fiscais do Caribe pela filha – e sócia - do ex-governador, Verônica Serra e por seu genro, Alexandre Bourgeois. Como os dois tiram vantagem das suas operações, como seu dinheiro ingressa no Brasil e de que maneira o próprio Serra teria sido beneficiado por decisões da filha.
     Atrás da máxima “Siga o dinheiro!”, Ribeiro Jr perseguiu o caminho de ida e volta dos valores movimentados por políticos e empresários entre o Brasil e os paraísos fiscais do Caribe, mais especificamente as Ilhas Virgens Britânicas, descoberta por Cristóvão Colombo em 1493 e por muitos brasileiros espertos depois disso. Nestas ilhas, uma empresa equivale a uma caixa postal, as contas bancárias ocultam o nome do titular e a população de pessoas jurídicas é maior do que a de pessoas de carne e osso. Não é por acaso que todo dinheiro de origem suspeita busca refúgio nos paraísos fiscais, onde também são purificados os recursos do narcotráfico, do contrabando, do tráfico de mulheres, do terrorismo e da corrupção.
     A trajetória do empresário espanhol naturalizado brasileiro Gregório Marin Preciado, ex-sócio, doador de campanha e primo do candidato do PSDB à Presidência da República mescla uma atuação no Brasil e no exterior. Ex-integrante do conselho de administração do Banco do Estado de São Paulo (Banespa), então o banco público paulista – nomeado quando Serra era secretário de planejamento do governo estadual, Preciado obteve uma redução de sua dívida no Banco do Brasil de R$ 448 milhões (1) para irrisórios R$ 4,1 milhões. Na época, Ricardo Sérgio de Oliveira era diretor da área internacional do BB e o todo-poderoso articulador das privatizações sob FHC.
     Ricardo Sérgio também ajudaria o primo de Serra, representante da Iberdrola , da Espanha, a montar o consórcio Guaraniana. Sob influência do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, mesmo sendo Preciado devedor milionário e relapso do BB, o banco também se juntaria ao Guaraniana para disputar e ganhar o leilão de três estatais do setor elétrico (2).
     O que é mais inexplicável, segundo o autor, é que o primo de Serra, imerso em dívidas, tenha depositado US$ 3,2 milhões no exterior através da chamada conta Beacon Hill, no banco JP Morgan Chase, em Nova York.  É o que revelam documentos inéditos obtidos dos registros da própria Beacon Hill em poder de Ribeiro Jr. E mais importante ainda é que a bolada tenha beneficiado a Franton Interprises. Coincidentemente, a mesma empresa que recebeu depósitos do ex-tesoureiro de Serra e de FHC, Ricardo Sérgio de Oliveira, de seu sócio Ronaldo de Souza e da empresa de ambos, a Consultatun. A Franton, segundo Ribeiro, pertence a Ricardo Sérgio.
     A documentação da Beacon Hill levantada pelo repórter investigativo radiografa uma notável movimentação bancária nos Estados Unidos realizada pelo primo supostamente arruinado do ex-governador. Os comprovantes detalham que a dinheirama depositada pelo parente do candidato tucano à Presidência na Franton oscila de US$ 17 mil (3 de outubro de 2001) até US$ 375 mil (10 de outubro de 2002). Os lançamentos presentes na base de dados da Beacon Hill se referem a três anos. E indicam que Preciado lidou com enormes somas em dois anos eleitorais – 1998 e 2002 – e em outro pré-eleitoral – 2001. Seu período mais prolífico foi 2002, quando o primo disputou a presidência contra Lula. A soma depositada bateu em US$ 1,5 milhão.   
     O maior depósito do endividado primo de Serra na Beacon Hill, porém, ocorreu em 25 de setembro de 2001. Foi quando destinou à offshore Rigler o montante de US$ 404 mil. A Rigler, aberta no Uruguai, outro paraíso fiscal, pertenceria ao doleiro carioca Dario Messer, figurinha fácil desse universo de transações subterrâneas. Na operação Sexta-Feira 13, da Polícia Federal, desfechada no ano passado, o Ministério Público Federal apontou Messer como um dos autores do ilusionismo financeiro que movimentou, através de contas no exterior, US$ 20 milhões derivados de fraudes praticadas por três empresários em licitações do Ministério da Saúde.
     O esquema Beacon Hill enredou vários famosos, entre eles o banqueiro Daniel Dantas. Investigada no Brasil e nos Estados Unidos, a Beacon Hill foi condenada pela justiça norte-americana, em 2004, por operar contra a lei.
     Percorrendo os caminhos e descaminhos dos milhões extraídos do país para passear nos paraísos fiscais, Ribeiro Jr. constatou a prodigalidade com que o círculo mais íntimo dos cardeais tucanos abre empresas nestes édens financeiros sob as palmeiras e o sol do Caribe. Foi assim com Verônica Serra. Sócia do pai na ACP Análise da Conjuntura, firma que funcionava em São Paulo em imóvel de Gregório Preciado, Verônica começou instalando, na Flórida, a empresa Decidir.com.br,  em sociedade com Verônica Dantas, irmã e sócia  do banqueiro Daniel Dantas, que arrematou várias empresas nos leilões de privatização realizados na era FHC.
     Financiada pelo banco Opportunity, de Dantas, a empresa possui capital de US$ 5 milhões. Logo se transfere com o nome Decidir International Limited para o escritório do Ctco Building, em Road Town, ilha de Tortola, nas Ilhas Virgens Britânicas. A Decidir do Caribe consegue trazer todo o ervanário para o Brasil ao comprar R$ 10 milhões em ações da Decidir do Brasil.com.br, que funciona no escritório da própria Verônica Serra, vice-presidente da empresa. Como se percebe, todas as empresas tem o mesmo nome. É o que Ribeiro Jr. apelida de “empresas-camaleão”. No jogo de gato e rato com quem estiver interessado em saber, de fato, o que as empresas representam e praticam é preciso apagar as pegadas. É uma das dissimulações mais corriqueiras detectada na investigação.
     Não é outro o estratagema seguido pelo marido de Verônica, o empresário Alexandre Bourgeois. O genro de Serra abre a Iconexa Inc no mesmo escritório do Ctco Building, nas Ilhas Virgens Britânicas, que interna dinheiro no Brasil ao investir R$ 7,5 milhões em ações da Superbird. com.br que depois muda de nome para  Iconexa S.A…Cria também a Vex capital no Ctco Building, enquanto Verônica passa a movimentar a Oltec Management no mesmo paraíso fiscal. “São empresas-ônibus”, na expressão de Ribeiro Jr., ou seja, levam dinheiro de um lado para o outro.
     De modo geral, as offshores cumprem o papel de justificar perante o Banco Central e à Receita Federal a entrada de capital estrangeiro por meio da aquisição de cotas de outras empresas, geralmente de capital fechado, abertas no país. Muitas vezes, as offshores compram ações de empresas brasileiras em operações casadas na Bolsa de Valores. São frequentemente operações simuladas tendo como finalidade única internar dinheiro nas quais os procuradores dessas offshores acabam comprando ações de suas próprias empresas…Em outras ocasiões, a entrada de capital acontecia através de sucessivos aumentos de capital da empresa brasileira pela sócia cotista no Caribe, maneira de obter do BC a autorização de aporte do capital no Brasil. Um emprego alternativo das offshores é usá-las para adquirir imóveis no país.
     Depois de manusear centenas de documentos, Ribeiro Jr. observa que Ricardo Sérgio, o pivô das privatizações — que articulou os consórcios usando o dinheiro do BB e do fundo de previdência dos funcionários do banco, a Previ, “no limite da irresponsabilidade” conforme foi gravado no famoso “Grampo do BNDES” – foi o pioneiro nas aventuras caribenhas entre o alto tucanato. Abriu a trilha rumo às offshores e as contas sigilosas da América Central ainda nos anos 1980. Fundou a offshore Andover, que depositaria dinheiro na Westchester, em São Paulo, que também lhe pertenceria. Hoje, através de seu sócio Ronaldo de Souza opera a Consultatun Corp e a Antar Venture Investments. Depois dele, vieram a filha e o genro de Serra, o ex-ministro das comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros (dono da offshore Montferrand Holding), o ex-diretor da Previ e braço direito de Ricardo Sérgio no episódio da privataria, João Bosco Madeiro da Costa (Beluga e Hill Trading).
     Ribeiro Jr. promete outras revelações. Uma delas diz respeito a um dos maiores empresários brasileiros, suspeito de pagar propina durante o leilão das estatais, o que sempre desmentiu. Agora, porém, existe evidência, também obtida na conta Beacon Hill, do pagamento da US$ 410 mil por parte da empresa offshore Infinity Trading, pertencente ao empresário, à Franton Interprises, ligada a Ricardo Sérgio.

(1)   A dívida de Preciado com o Banco do Brasil foi estimada em US$ 140 milhões, segundo declarou o próprio devedor. Esta quantia foi convertida em reais tendo-se como base a cotação cambial do período de aproximadamente R$ 3,2 por um dólar.
(2)   As empresas arrematadas foram a Coelba, da Bahia, a Cosern, do Rio Grande do Norte, e a Celpe, de Pernambuco.

Os pedágios de Serra, na Globo de Campinas



Para a candidatura Serra, pior que este dossiê que virou contra o feiticeiro, é a matéria da EPTV, afiliada da Globo em Campinas, mostrando que, desde que os tucanos implantaram  o programa de concessões, em 1998,  privatizando as estradas do Estado de São Paulo,  foi implantado  um novo pedágio a cada 40 dias.
Espero que a central de conspirações tucana não vá atrás dos pobres repórteres, naquele método de telefonar pedindo a cabeça de jornalistas, entre uma tuitada tardia e outra.
Assista, não é preciso dar mais nenhum dado. Ah, e se alguém quiser se dar ao trabalho de ver onde são e quanto custam os 111 pontos de cobrança de pedágio em São Paulo, pode acessar o mapa aqui. Eu tentei ver quanto somavam os valores, mas perdi a conta

"Elevado 3.5" discute relação de São Paulo com Minhocão

Por: Rodrigo Zavala, do Cineweb

Publicado em 02/06/2010, 19:05
Última atualização às 19:07
São Paulo - Não foi por acaso que a produção "Elevado 3.5", referência direta ao Elevado Costa e Silva, conhecido como Minhocão, em São Paulo, venceu o prêmio de melhor documentário brasileiro no Festival É Tudo Verdade, em 2007. Ao compor um mosaico de personagens vizinhos da via expressa, o filme dá voz, nome e lugar ao que há de mais perverso na urbanidade.
Às margens da obra, considerada "uma das mais feias da cidade", segundo pesquisa realizada com paulistanos pelo Datafolha em 2004, vivem pessoas cuja história é captada com atenção pelos diretores João Sodré, Maíra Buhler e Paulo Pastorelo. Diretores debutantes, diga-se, mas que conseguem levar à tela o que há de mais candente em retratos de vida, nesse filme que estreia em São Paulo na sexta-feira.
Há casos interessantes, como o de Luis Vieira da Costa, cuja janela está em frente ao viaduto. Ele é categórico ao dizer que sente falta do som de buzinas e de motores nos fins de semana, quando a via é ocupada por bicicletas e pedestres. No mesmo apartamento, Erotides de Lima diz preferir os automóveis às pessoas, pois elas ficam gritando em sua janela.
Há outras situações, como o de figuras silenciosas que apenas alimentam os pombos e passeiam com cachorros, compondo um contraste com o conturbado e sonoro dia-a-dia do elevado. Tudo está ali, na tela, mostrado para aqueles que acreditam que o Minhocão é apenas uma via expressa. Na verdade, mais parece uma cicatriz urbanística do que uma via que liga bairros densamente povoados.
Como obras de engenharia prejudicadas por erros em sua origem, "Elevado 3.5" possui também problemas comuns detectados em iniciantes, como microfones aparecendo e o grupo técnico filmado apinhando-se em apartamentos exíguos.
Questionado sobre os personagens, Paulo Pastorelo afirma que a obra é aberta, suscetível a muitas interpretações. João Sodré, por outro lado, surpreendeu-se com as entrevistas que concedeu, pois demonstram quão complexas são as relações das pessoas com os espaços em que habitam.
"Elevado 3.5" vai além das memórias de seus personagens e mostra-se oportuno para discutir a própria ideia de urbanidade, tema tão premente numa cidade como São Paulo.
Fonte: Reuters
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